É duro notar que estamos numa mesa, em que só nos é servido, a corrupção, a impunidade, a insanidade, mas é interessante notar que nós nos alimentamos disso, e quando fartos, continuamos sentados, o contentamento é descontente e o direito de indignação nos é tirado. E ao longo do tempo a mesa continua cheia e suja, e nossas mãos escondidas, e nossa voz automaticamente omitida, e isso deixa de ser um fragilidade ou defeito e passa a ser uma habilidade. Nos tornamos habilidosos em se esconder, e a acomodação preenche os assentos que deveriam ser do compromisso, e agimos como se gritar fosse errado, como se acomodasse fosse a única opção. E aquele sujeito nota dez acaba de se juntar a nós, agora, se alimentando, farto da corrupção, diz: ”Somos todos corruptos!” Mas ainda sinto fome, e esqueço de chorar, uma vez que a fome é mais forte que choro, e o odor da submissão passa por eles imperceptivelmente bom. Tenho fome, e esperança. E quando formos iguais, quando a ética sentasse junto a nós, aí sim. E quando você conseguir olhar pro lado, perceberá o quanto sua mesa estar suja, e quando levantar concluirá que “todos” é cada um, e se estender as mãos, lhe será servido um bom prato, e quando estiver farto, seguira em frente, e o seu assento será ocupado por quem estar na fila para sentar na mesa, agora limpa e justa.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
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